quinta-feira, 1 de maio de 2008

Disco: Magnetic Fields - Distortion



Usando uma quantidade de instrumentos bem dentro do que se possa considerar normal, Stephen Merrit, o compositor, produtor e rosto dos Magnetic Fields criou uma autêntica "parede de som", que envolve este novo album do início ao fim. Vejamos então o porquê deste título: desde "Three-Way", a primeira faixa, este album é baseado em ondas de feedback inspiradas nas guitarras de dois irmãos de cabelo desgrenhado, muito em voga na segunda metade da década de 80. Ainda que longe do requinte e da delicadeza daquilo que Kevin Shields trouxe ao mundo, Distortion é muito menos agressivo que Psychocandy, a obra-prima dos Jesus and Mary Chain.

O líder é sincero nas suas intenções: "Queria fazer um disco com canções pop de 3 minutos e no fim passaram a ser canções power-pop de 3 minutos". Mas Stephen Merrit não se fica por aqui. O seu reconhecido engenho faz aumentar a possibilidade de compatibilidade entre o que está para trás e não é esquecido (orch-pop) e o presente - a tal fórmula acima apresentada.

E até onde vai essa "compatibilidade"? Que fazer com o violoncelo ou com o acordeão? E com o piano? Com o piano, Merrit admite também ter feito feedback. Isso mesmo - "Não sei se já alguém o fez, mas todo o disco tem feedback de piano. Com o acordeão isso é tecnicamente impossível, mas chegamos a tentar o efeito, utilizando um dos amplificadores [que comprara]". A bateria, apesar não parecer, foi o único instrumento cuja sonoridade se manteve.

A voz de Stephen Merrit mantém-se mas, fiel às suas intenções, procurou uma diferente da sua: "A minha voz não é suficientemente pop, por isso decidi que a Shirley [Simms] cantasse em metade do disco". E confirmam-se as qualidades de Simms, que já deixara marca em "69 Love Songs".

O tema central não foge muito ao das referidas 69 canções (adivinhem qual é ele...) mas, há no entanto que destacar "California Girls", tão Beach Boys que, em vez de "I hate California girls", poderia muito bem ser "I dig California girls"; e "Too Drunk to Dream", que começa em jeito de sing-along cuja letra merece ainda mais acompanhamento - mero engano, visto que o autor diz que a letra é trágica, em vez de divertida.

Contudo, Distortion padece de um problema. Apesar de não ter uma única música que seja "o ponto fraco", este registo não é muito sólido, regular; algo que não o impede de enobrecer a carreira de um dos songwritters (será isso mesmo?) mais criativos dos últimos anos.

Nota: 8/10

Vídeo: The Magnetic Fields-California Girls-live Los Angeles

Site oficial: http://www.houseoftomorrow.com/

Myspace: http://www.myspace.com/themagneticfields

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